terça-feira, 26 de setembro de 2017

Volta ao mundo em 80 filmes (Around the World in Eighty Films)


Japão

O Gosto de Chá ( 茶の味 - Cha no Aji ou The taste of Tea) – 2004

De Katisuhito Ishii.Com: Tadanobu Asano.



                           Finalmente chegamos a um glorioso pais de extrema tradição e qualidade do cinema. Como a comida, os pratos são sofisticados e lindos. Japão é um dos países mais equilibrados em produção, desde que se desvencilhou das amarras do teatro, isso lá pelos anos 1910, o pais nunca deixou de produzir, a partir dos anos 20 e pelos tortuosos anos da segunda grande guerra, revelando cada vez mais gênios nesta época (de Mizogushi, Naruse ,Ozu e Kurosawa) continuando uma época de ouro com clássicos com o surgimento de gênios de outros movimentos como A nova onda japonesa que é tão excepcional quanto a Nouvelle Vague francesa. Sempre se reciclando, sempre produzindo gêneros particulares, como o Anime , Chanbaras e os filmes Pink. É um cinema que necessita de mais tempo, e mais engendro acadêmico deste blog.
                       Muitos fãs dos filmes japoneses muitas vezes se contem com os animes e filmes mais modernos, que de vez ou outra acabam tendo algumas obras-primas, com A viagem de Chihiro (2002), A partida (2009) ou até mesmo Ninguém sabe (2004) Pais e Filhos (2013)de Koreeda. Muitos e muitos textos serão feitos, de movimentos e filmes, aqui eu escolhi um grande filme para se descobrir, O Gosto do Chá (2004).

                      O filme se não tivesse um diretor talentoso cairia em uma vala de filme esquisito, confuso com personagens bizarros, atuações no melhor estilo anime, graças a todo um conjunto de felicidades O Gosto do Chá é uma proeza poética.

                       Anteriormente o diretor era muito inspirado nos filmes de Tarantino, uma onda que tomou o cinema por uma década e meia. Clones de Tarantino surgiram a rodos, mas nenhum com seu talento, Katisuhito estava na onda Tarantino. Sem esquecer sua assinatura, trazendo uma interessante dinâmica ao filme, ele ainda mistura o cinema moderno japonês, aos realismos fantásticos de sua maior fonte nesse filme: Ingmar Bergman. O próprio Diretor afirmou que O Gosto do Chá é uma versão surreal de Fanny & Alexander (1982).

                       Portanto, o enredo se assemelha a obra-prima de Bergman, temos a família de artistas em situações que envolvem seu cotidiano doméstico e artístico, o velho tentando buscar uma chama dentro dele seguencia de Anime, trens saindo de testas, além do melhor conflito de uma criança com o seu duplo, flores nascendo e engolindo o mundo. Poderia ser um desastre pretensioso, mas é uma bela comédia dramática cheia de poesia.