A Assassina e O Grande Mestre
Este é um tipo de texto que poderia ter muitos titulos.Na verdade, nem o anunciado pode estar correto.Um sentimento em relação aos dois filmes analisados me fazem querer iguala-los em alguma dimensão.Pode ser que o que The Grandmaster(2013)de Wong Kar-Wai e The Assassin(2015) de Hou Hsiao-Hsien sejam diferentes propostas, mas o que trazem comum são os aspectos dramáticos muito fortes.Acima de tudo, o que os mantem unidos em uma analise é a qualidade dos envolvidos e as expectativas lançadas.
Em 2013 o novo trabalho de Wong Kar-Wai estava turbinado de expectativas.Afinal o diretor é um dos mais talentosos e estilosos da atualidade, Kar-wai é um gigante e ele já havia nos proporcionado um dos Wuxia mais incriveis já feitos, Cinzas do Passado (1994).Pois bem, a recepção a priori não foi tão entusiasmada.O que estraga em parte o filme são alguns arcos de personagens muito mal desenvolvidos, o arco do personagem Navalha (Chan Cheng) não existe, ele aparece como uma figura quase a parte do filme, quase não existe conexão com a trama do filme.Ele esta lá apenas para ilustrar que existem outros "grandes mestres",apesar disso sua luta em Bajiquan é espetacular (que termina com um cara sendo arremessado de cabeça em um muro!)Outro defeito do filme é o desaparecimento na segunda parte da esposa de Ip Man, a personagem é abandonada sem explicação da trama, ( parece que a atriz estava com a agenda cheia e o filme demorou 4 anos para ser feito).Mesmo com isso contra, Tony Leung está incrivel como de costume e as lutas são excelentes, alem de explicar os diferentes estilos de luta praticados. Algum tempo foi necessário para absorve-lo de forma completa.
A Assassina(Nie Yinniang) é de um outro diretor estupendo, Hou Hsiao-Hsien é um dos melhores em atividades e ele começou sua carreira bem antes de Kar-Wai, Realizou duas obras primas do cinema, A cidade das Tristezas(1989)com Tony Leung , e o Mestre das Marionetes(1991).Sua narrativa não é tão estilizada e é mais voltada ao estilo dos Japoneses Yasujiro Ozu e Mikio Naruse.É um cinema mais contemplativo do que estético.A Assassina ganhou o premio de direção em Cannes e pela qualidade de Hou o premio é merecido, apesar de belo A Assassina não esta entre os melhores trabalhos do diretor.Particularmente acredito ser um grande diretor e esperava muito do filme.Aliás não só eu como os fãs de Hsiao-Hsien.
A trama sobre uma assassina que tem que matar o seu amado é lenta e as cenas de ação não são memoráveis.Hou sonhava em realizar seu filme wuxia a 25 anos.A atriz Shu Qi é exótica e hipnótica, nada que se compare a Brigitte Lin em Swordsman II (1992), mas é digno de nota. De certa foma, Hsiao-Hsien subverte o genero, deixando a profundidade dos personagens inundar a tela, deixando tudo belo inclusive a alma dos personagens.Porem, a natureza humana não é tão bela quanto a natureza fotografada.O filme apresenta uma nova visão aos filmes Wuxia mas tambem ficamos com um gosto de frustração.Merece o mérito de fugir do obvio mas em contra partida requer a paciencia do publico. Afinal, não é todo dia que Hou Hsiao-Hsien faz uma obra prima.
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